A eleição de Donald Trump e a reconfiguração da direita religiosa estadunidense
Resumo
Esse artigo debate a votação maciça de evangélicos brancos e a participação da direita religiosa estadunidense na campanha e nas primeiras decisões da presidência Donald Trump. Para isso, questiona como se formou a aliança entre o político republicano e o movimento conservador religioso, ao debater, com base em uma análise sociologia-histórica, como ambos os lados tiveram que adequar seu discurso para chegar à vitória. Para atingir esse resultado, utilizou-se um arcabouço teórico composto por análises clássicas sobre o conservadorismo e a relação religião e política nos Estados Unidos, além de comentários de analistas, pesquisas eleitorais e notícias de jornais sobre as eleições e medidas recentemente aprovadas. O intuito, ao fazer isso, é demonstrar uma mudança de enfoque do movimento político-religioso, que abraçou um candidato que não representava os valores morais que eles historicamente defendiam, para alcançar vantagens pragmáticas que fariam com que o movimento voltasse a galgar posições de influência na política estadunidense. Assim, o artigo parte da trajetória do movimento, indicando momentos que ele conquistou e perdeu prestígio na política do país, através de uma postura bastante combativa e da fomentação de um discurso de Guerra Cultural, e debate os motivos para a formação dessa nova aliança. Em consequência, ele demonstra também como, após as eleições, o movimento conseguiu influenciar a indicação de cargos e decisões políticas do presidente, levando os EUA em direção ao que pode ser a presidência mais conservadora de todos os tempos.