A BUSCA DA HEGEMONIA AMERICANA 3.0 E A ASCENSÃO CHINESA: ENTRE A TRANSNACIONALIZAÇÃO DO CAPITAL E A VOLTA DO CONFLITO INTERESTATAL
Resumo
Os Estados Unidos enfrentaram com êxito, no início da década de 1980, a crise do modelo de hegemonia construído no pós-guerra, gerando uma hegemonia 2.0. A partir da primeira década de 2000 enfrentam um desafio similar. Ao mesmo tempo a China iniciou um processo de expansão, no intuito de superar sua posição de coadjuvante do capitalismo estadunidense. Uma China mais autônoma e assertiva começou a disputar o controle de tecnologia, desenvolver marcas e conquistar mercados para ela mesma organizar e centralizar cadeias globais de valor, subir na hierarquia da divisão internacional de trabalho e se apropriar de uma parcela maior do valor adicionado. A disputa se concentra no domínio da nova revolução tecnológica, conhecida como Indústria 4.0, que envolve a concorrência entre oligopólios e a disputa entre países mais avançados. A rivalidade interestatal se mistura com a concorrência oligopolista.
Na leitura de Panitch e Gindin, os EUA continuariam firmes no comando do sistema capitalista global, e a China estaria estruturalmente condenada a seguir o caminho do Japão na década de 1980. Há, porém, uma grande diferença entre o Japão e a China: a vontade de ser potência não para criar uma nova ordem mundial, mas para garantir a continuidade do processo de crescimento e desenvolvimento chinês, condição sine qua non para manter a dominação do Partido Comunista Chinês.