“Regionalismo governamental” sul-americano

deficiências institucionais e dependência internacional

  • Cairo Gabriel Borges Junqueira Universidade Federal de Sergipe
  • Lívia Peres Milani Universidade Federal de Sergipe
Palavras-chave: Regionalismo, Integração Regional, América do Sul, Multilateralism

Resumo

O regionalismo na América do Sul tem passado por um período de transformação e declínio, exemplificado especialmente pelo desmonte da UNASUL e pelas sucessivas críticas ao Mercosul. Tal processo ocorre após uma década de euforia, na qual novas instituições multilaterais foram criadas e a cooperação regional foi pensada como um meio de ampliar a autonomia. Nos anos 2000, uma literatura especializada foi desenvolvida, conceituando tais arranjos como pós-hegemônicos em razão da adoção de uma agenda sócio-política, do questionamento ao neoliberalismo e à liderança hemisférica dos EUA. Contudo, a conjuntura atual, de realinhamento dos países aos EUA e de retorno de políticas econômicas liberalizantes, mostra os limites de tais processos. Considerando esse contexto e sustentando-se no marco teórico institucionalista, o objetivo do artigo é analisar por que o regionalismo sul-americano passa por um período de estagnação. O artigo está dividido em duas seções. Na primeira, através de revisão bibliográfica, realizamos o debate conceitual procurando definir a concepção de regionalismo pós-hegemônico, apresentamos a ideia de “regionalismo governamental”, bem como analisamos a sobreposição de regionalismos e a carência de supranacionalismo, que prejudicam o aprofundamento da integração. Na segunda seção, mormente por meio da análise de dados publicados por organizações como Banco Mundial e CEPAL, apontamos que, mesmo durante o auge do regionalismo pós-hegemônico, houve uma intensificação de relações de dependência internacional, com governos fortemente alinhados com os EUA e outros crescentemente vinculados à China.  Concluímos que a marca do atual “regionalismo governamental” encontra-se no acúmulo de dois fatores: a “guinada à direita” na América do Sul e o ceticismo perante as instituições angariado na crise do multilateralismo.

Biografia do Autor

Cairo Gabriel Borges Junqueira, Universidade Federal de Sergipe

Professor do Departamento de Relações Internacionais da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Doutor em Relações Internacionais pelo Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas (UNESP, UNICAMP, PUC-SP) com período de pesquisas na Universidad de Buenos Aires (UBA). E-mail: cairojunqueira@gmail.com

Lívia Peres Milani, Universidade Federal de Sergipe

Professora Substituta do Departamento de Relações Internacionais da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Doutora em Relações Internacionais pelo Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas (UNESP, UNICAMP, PUC-SP) com período de pesquisas na Georgetown University. E-mail: livialpm@gmail.com

Publicado
2019-12-28